Ana Campagnolo (PL), Luciane Carminatti (PT) e Paulinha (Podemos) foram reeleitas e vão representar as mulheres na Assembleia Legislativa

Santa Catarina elegeu três mulheres para a Assembleia Legislativa. Uma delas, Ana Campagnolo (PL), foi a única candidata a ultrapassar 100 mil votos se tornando a deputada estadual mais votada da história do Estado. A segunda mais votada também foi uma mulher: Luciane Carminatti (PT) com mais de 92 mil votos. Paulinha (Podemos) completa a bancada feminina com 58,6 mil votos. As três parlamentares conquistaram a reeleição e elencaram os desafios para o próximo mandato.

Deputada mais votada da história

Formada em História e professora, Ana Campagnolo ganhou notoriedade por ser defensora de movimentos como o chamado “Escola sem partido” e antifeminista. Ela superou o recorde existente no parlamento catarinense, do ex-deputado Gelson Merísio (Solidariedade), que em 2014 recebeu 119.280 votos. Na eleição de 2018, quando foi eleita pela primeira vez, Ana Campagnolo conquistou 34.825 votos.

A deputada já imaginava que iria triplicar a votação da eleição anterior por conta das atividades nas redes sociais. Ela acredita que o resultado é fruto do seu trabalho ideológico e de base.

“Quando me elegi em 2018 tinha 20 mil seguidores, e agora tenho mais de dois milhões em todas as redes (YouTube, Instagram, Twitter e Facebook). Mas não imaginávamos uma votação assim, tão boa, cinco vezes mais, trazendo colegas do PL também”, disse Campagnolo.

Ana ainda atribui a votação expressiva ao amadurecimento do seu trabalho na Alesc. Ela foi representante do PL na Comissão de Constituição e Justiça, além de autora de um pedido de impeachment contra o governador Carlos Moisés.

A deputada explicou que conta com o apoio de lideranças fortes atuando em seu favor em todo o Estado. Segundo ela, esses assessores ajudaram a distribuir os recursos, pulverizando emendas em todas as regiões e atendendo desde os pequenos até os grandes municípios.

“Também teve a expressividade do nosso trabalho feito pela CPI do Aborto. Talvez as pessoas não lembrem, mas o requerimento de abertura da CPI teve mais de 120 assinaturas, então era óbvio que isso teria reflexo nas urnas”, avaliou.

Ela destaca ainda que já esperava o resultado positivo nas eleições deste ano por ser a única parlamentar conservadora e de direita na Assembleia Legislativa, sendo o maior ícone nacional do antifeminismo.

“É importante mencionar ainda que sou autora de livros sobre isso e meus livros venderam mais de 100 mil cópias. Acredito que quem compra o livro e o lê certamente irá votar em quem representa as suas ideias”, complementa.

A segunda mais votada

A deputada Luciane Carminatti (PT), que assume o seu quarto mandato, recebeu 92.478 votos. Ela considera que a votação é resultado de quatro anos de muito trabalho, presença nos municípios e projetos aprovados.

“Esperava que o resultado viesse nas urnas e de fato veio. Nada melhor do que a gente perceber o apoio traduzido nesta força política de uma mulher de esquerda num cenário estadual bastante difícil”, comemora.

Sobre a diminuição no número de mulheres no parlamento catarinense, que passa de cinco para três, a deputada diz que já no período eleitoral falava que tinha muito medo que isso ocorreria.

“Há a dificuldade dos partidos de construir novas lideranças de mulheres, então, de uma forma geral eles não têm colocado novos nomes ou lideranças em condições de chegar. Isso é uma tarefa que cada partido tem que fazer olhar para dentro e perceber o que está acontecendo”, diz.

Carminatti também lembrou que duas das atuais deputadas, Ada de Luca (MDB) e Marlene Fengler (PSD), não concorreram à Alesc, mas sim à Câmara Federal.

Mesmo com a diferença significativa no número de mulheres e homens eleitos, Carminatti diz que aguarda uma legislação compreensiva por parte dos parlamentares homens.

“Eleger mulheres por si só não significa avançar nas nossas pautas. Acredito que o desafio é a interlocução com a sociedade civil organizada, com as mulheres, com todas as pessoas que entendem que a política para ser democrática precisa ter rosto feminino”, explica.

Para Carminatti, o grande desafio na Alesc é estabelecer o diálogo, já que são 40 deputados com ideias diferentes, eleitos por seus partidos, mas que todos precisam colocar Santa Catarina em primeiro lugar.

“Conseguimos olhar para os colegas e dialogar, nunca me furtei a isso, tanto que a consegui, mesmo sendo uma minoria de esquerda no parlamento, ser uma das deputadas que mais aprovou leis importantes”, conclui.

A deputada Paulinha (Podemos), que foi reeleita para o seu segundo mandato com 58.694 votos, agradeceu o apoio dos eleitores e lamentou que o governador Carlos Moisés (Republicanos) não tenha conseguido ir para o segundo turno.

“Moisés trouxe dignidade ao Estado e um olhar aos pequenos municípios, como o meu, Bombinhas. Apesar disso, respeito o resultado das urnas e reitero o meu compromisso de continuar trabalhando em prol de Santa Catarina”, fala.

Ex- vereadora e ex-prefeita de Bombinhas, a deputada Paulinha conquistou 51.739 votos na eleição de 2018. Ela afirma que enxerga com tristeza a redução no número de mulheres no parlamento.

“Mas não podemos nos entregar, temos que continuar perseverando e nos esforçando para que se consiga neste cenário traduzir o sentimento das mulheres e constituir políticas públicas que sustentem essa equidade que a gente defende”, ressalta.

Ela adianta que pretende buscar parceria dos deputados homens para defender as pautas que sejam justas para Santa Catarina. Paulinha afirma que entre as principais bandeiras que defende há inúmeras leis feministas que não avançaram no atual mandato.

“Temos que ponderar o que aconteceu e entender esse retrocesso e se reposicionar neste quadro. Sinto-me com a responsabilidade multiplicada”, finaliza.

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