Ex-presidente encara consequências de uma facada no abdômen durante a campanha presidencial de 2018 que causam aderências no intestino

A notícia que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve encurtar as férias nos Estados Unidos após uma internação no país chama atenção para um problema recorrente nos últimos anos na vida do político.

Aderências na parede do intestino são comuns para aquelas pessoas que tenham passado por cirurgias no órgão , como é o caso dele, ou que tenham alguma inflamação – apendicite ou diverticulite, por exemplo. As informações são do R7.

Esse processo envolve a cicatrização e junção de das laterais do tubo intestinal, levando a um estreitamento que pode dificultar o trânsito intestinal.

Problema comum

O cirurgião do aparelho digestivo Gustavo Patury, que atende nos hospitais São Luiz Itaim, Vila Nova Star e Albert Einstein, em São Paulo, explica que o problema é comum em “pacientes que foram submetidos a cirurgias abertas, como em acidentes de carro ou a própria facada do ex-presidente”.

Quando essas aderências são significativas, existem quadros chamados de sub oclusão ou obstrução intestinal.

Nem toda aderência vai causar uma obstrução, observa o cirurgião gastrointestinal Sergio Roll, coordenador do Núcleo de Hérnias do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Segundo o especialista, em determinados casos, as aderências podem fazer com que “uma alça intestinal grude na outra”.

“Parte dela [alça] pode dobrar e impedir a passagem do líquido intestinal ou criar pontes entras as alças e eventualmente uma delas pode ficar presa. [A obstrução] irá depender se a alça dobra ou não. Os sintomas são distensão (aumento do volume) abdominal, dor e cólica abdominal e vômito, com eliminação de gases e fezes”, afirma Roll.

Patury ressalta que “é comum esses pacientes, dependendo da dieta, evoluírem para quadros sequenciais de sub oclusão”.

“Geralmente, são pacientes que acabam internando duas, três vezes por ano com esses quadros de sub oclusão. Tem que internar porque fica muito difícil esse trânsito intestinal. Aí o paciente tem que entrar em jejum e passa uma sonda pelo nariz para diminuir a pressão”, relata.

Tratamento clínico

A sonda é o tratamento clínico para tentar desobstruir o intestino. A pessoa fica em jejum por um período de 12 a 24 horas e toma medicações antibióticas e anti-inflamatórias.

Passado esse período, a alimentação é reintroduzida para uma nova avaliação. Se o intestino voltar ao normal, ele é liberado. Caso volte a sentir desconforto, a única opção será a cirurgia para remover os trechos do intestino que possuem aderências.

Nas últimas internações a que foi submetido, Bolsonaro não precisou passar por cirurgia para resolver as obstruções.

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