Foto: Divulgação

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina virou palco de mais uma disputa entre os deputados Ivan Naatz (PL) e Paulinha Silva (Podemos), e agora, a polêmica ultrapassou a pauta legislativa e chegou ao guarda-roupa.

Em meio ao conflito entre os parlamentares, a deputada Ana Campagnolo (PL) protocolou um projeto de resolução que propõe a proibição de roupas que revelem “seios, umbigos e coxas” dentro do plenário da Alesc.

A proposta altera o Artigo 101 do Regimento Interno da casa e define, com riqueza de detalhes, o que é considerado vestimenta apropriada. Entre as restrições, estão decotes, transparências, roupas justas e peças que exponham partes do corpo que, segundo o texto, não condizem com o “ambiente institucional”. A justificativa do projeto diz que “austeridade e seriedade” são exigências do cargo público e que o regimento atual é genérico ao tratar do traje dos parlamentares.

O estopim para a nova medida pode ter raízes mais profundas. Nos bastidores, comenta-se que o projeto surgiu após uma nova troca de farpas entre Ivan Naatz e Paulinha Silva. Desta vez, o embate teria sido provocado por um suposto ataque de Naatz em grupo de WhatsApp da bancada do Vale do Itajaí, onde Paulinha foi chamada de “golpista” e criticada também por sua postura e vestimenta. Ela denunciou o caso como violência política de gênero em plenário, e o episódio causou revolta entre colegas e reação da Comissão de Ética da casa.

Paulinha retrucou afirmando que, ao longo dos anos, já evitou expor situações semelhantes por medo de retaliação, mas agora decidiu romper o silêncio. “Se não estivermos dispostos a cultivar as leis que aprovamos em defesa das mulheres, não merecemos estar aqui”, declarou.

Naatz, por outro lado, não recuou: “Golpista é quem comete golpe. Não é questão de gênero. O problema aqui não é ser mulher ou homem, é usar vitimismo como escudo”, disse, em discurso inflamado contra o feminismo. Em seguida, aproveitou para anunciar o convite ao deputado Camilo Martins (Podemos) para integrar o PL, em mais uma tentativa de minar a força do partido de Paulinha na Alesc. A adesão só poderá ser oficializada em 2026, mas o objetivo é claro: enfraquecer os adversários agora.

O embate entre Paulinha e Naatz não é de hoje. Já foram protagonistas de discussões sobre a TPA de Bombinhas, disputas por liderança de bancada e, agora, o foco migra para um novo território: o corpo feminino.

Em 2019, a deputada Paulinha já havia sido alvo de críticas nas redes sociais por conta de sua roupa. Na época, uma seguidora chegou a escrever: “Gostaria de entender o motivo desses peitos de fora. Que vulgaridade!” A resposta da parlamentar veio à altura: “Visto-me como quero e não coaduno com valores moralistas que patrocinam a corrupção”, rebateu.

Agora, a “Lei Anti-Decote” reacende o debate sobre moralismo, liberdade e o papel da mulher na política catarinense. O próximo capítulo dessa história? Pode ser votado em plenário. Mas, desta vez, o debate promete ser mais quente que o previsto — e não por causa do traje.

Fonte: Jornal Razão

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