Um grupo de cientistas desenvolveu um antídoto experimental contra venenos de cobra a partir dos anticorpos de um homem que foi picado centenas de vezes — muitas delas de forma proposital. Tim Friede, um norte-americano que vive em Wisconsin, nos Estados Unidos, passou anos injetando em si mesmo pequenas doses de veneno de cobras altamente letais, como mambas e najas. A ideia, segundo ele, era simples: tentar desenvolver tolerância ao veneno.

Sem qualquer supervisão médica, Friede começou o experimento por conta própria, guiado pela curiosidade e pelo fascínio por serpentes e escorpiões. Ao longo dos anos, sofreu reações intensas, incluindo convulsões e febres altas — mas sobreviveu. E, involuntariamente, ajudou a ciência.

O que os cientistas fizeram:

Pesquisadores analisaram amostras de sangue de Friede e identificaram dois anticorpos gerados naturalmente por seu organismo após anos de exposição controlada ao veneno. Esses anticorpos foram capazes de neutralizar toxinas de várias espécies diferentes de cobras.

Em testes com camundongos, os anticorpos ofereceram proteção contra o veneno de elapídeos, grupo que inclui mambas, najas e cobras-corais. Os resultados foram publicados na revista iScience na semana passada e, segundo os especialistas, é uma descoberta promissora.

Hoje, os antivenenos contra picadas de cobra são um desafio. Isso porque cada antídoto funciona apenas para espécies específicas de cobras — e pode não ser eficaz em diferentes regiões do mundo, onde as toxinas variam.

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